segunda-feira, 11 de abril de 2011

É hora de peitar as besteiras de pretensos especialistas

A Veja desta semana publicou um artigo que me deixou mais estarrecida do que o habitual.

Primeiramente, deixe-me apresentar o "articulista" que assina o texto com o título "Hora de peitar os sindicatos". Gustavo Ioschpe é filho de banqueiro, estudou toda a vida em excelentes colégios particulares, graduado pela Wharton e pós graduado pela Yale. Entre seus brilhantes artigos predominam opiniões que defendem que se pague mensalidade nas universidades públicas e que os cursos de pedagogia não formem professores com capacidade de reflexão.

O "artigo" (nem sei se dá pra chamá-lo assim!) começa comparando os sindicatos dos professores e profissionais da educação à indústria tabagista. Ora, Senhor Ioschpe, o fato de a maioria de nós não ter nascido em berço esplêndido e estudado em tão ilustres instituições não nos torna ingênuos o bastante para cair nesta comparação falaciosa.

Que a educação é importante todos sabem (aliás, nada mais senso comum do que esta afirmação!). Justamente pelo fato de a educação ser tão importante é que deve ter um sem número de setores da sociedade que se preocupem com ela e, quisera eu, que os professores fossem os exclusivos responsáveis pelo "problema educacional", isso simplificaria sua solução.

Continuando em seu texto, Ioschpe afirma que os sindicatos são poderosos porque funcionam(!). Ora, não é esta a sua finalidade?! Falta ele entender que muitas escolas públicas convivem com a violência dentro e fora de seus muros (e não me refiro à tragédia em Realengo), e que o sindicato, bem como os dirigentes escolares, pais/mães e responsáveis e a comunidade devem defender melhorias na segurança. Falta entender que ganhando mil e poucos reais, o/a professor/a precisa dar aula em dois ou três turnos e que isso prejudica a preparação e desenvolvimento das aulas, correção de provas e trabalhos e a formação continuada dos/as professores/as (afinal como arranjarão tempo para estudar se dão aula em dois ou três turnos?).

Creio que o Senhor Ioschpe NUNCA entrou em uma escola pública (que não sejam as poucas de excelência). Muitas delas parecem penitenciárias, com muros altissímos e muitas grades! Outras tantas não têm professores de química ou física, e os alunos acabam tendo professores de outras disciplinas dando essas aulas. Boa parte não tem biblioteca, quanto mais laboratórios! Os/as poucos/as professores/as que tentam impor algum limite em algumas escolas acabam sendo ameaçados e/ou agredidos! Tampouco deve ter se deparado com salas super lotadas, gostaria muito de vê-lo dando uma aula de matemática numa sala apertada para 55 adolescentes de 15 anos!

Termino este texto lembrando que se hoje temos uma escola com acesso mais ou menos democrático, isso se deve aos sindicatos dos/as professores/as e a "união dos alunos" que lutaram durante décadas pela sua democratização, por entender que isso passa por uma sociedade mais democrática. Só fico me questionando à quem este tipo de opinião atende, essa pergunta, você leitor/a é capaz de responder.

Enfim, estou cansada de ver pretensos especialistas que olham números crus, distantes da realidade e acabam por falar tanta baboseira. Mas, neste caso, como foi publicado pela Veja tudo fica muito bem esplicado.

http://veja.abril.com.br/noticia/educacao/hora-de-peitar-os-sindicatos

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