sexta-feira, 16 de janeiro de 2015

Redenção


Flávia Garcia (13/03/2007)

Caminhou entre as árvores, era fim de outono. O dia estava frio, mas a luz do sol entrava por entre as folhas das árvores. Ela estava bem agasalhada, mas o frio que sentia não era causado pelo tempo. Seu coração estava angustiado, a última vez que Fernanda se encontrou com Júlio foi difícil, um encontro que mais parecia despedida, ainda que nenhum dos dois pretendesse se despedir. 

Olhou para relógio, estava atrasada. Apressou o passo e logo avistou o banco onde fizeram suas primeiras juras de amor. Eles já haviam falado várias vezes sobre o reencontro em Porto Alegre, mas ali, no Parque da Redenção agora era real. 

Se desencontraram algumas tantas vezes, até que ela decidiu esquecê-lo. Passaram-se os meses desde que deixara Porto Alegre, durante um tempo ele tentou uma reaproximação. 

Mas Fernanda não aceitava que ele estivesse preso entre o amor deles e o que ele teve antes.Preferiu renunciar a lutar pelo amor de Júlio. Ela era uma mulher orgulhosa a ponto de não correr o risco de perder. 

Dois anos depois ela estava de volta à cidade que tanto amava, percebera que a memória é uma força poderosa, que quanto mais se tenta esquecer, mais fortes se tornam as lembranças.

De volta ao parque em que passaram tantas tardes lagarteando estava decidida. Deveria lutar por este amor, valia a pena. E agora estava caminhando apressada para o tão esperado encontro.

Quando estava se aproximando de Júlio ele se virou como se sentisse sua presença. De repente ela se viu tomada por uma torrente de sentimentos, odiou a si mesma por, um dia, ter renunciado a esse sentimento, odiou o acaso que foi mantê-los tão distantes.

Os olhares se cruzaram, se abraçaram, um abraço longo, um abraço de encontro, de reencontro. Se olharam novamente, as faces se aproximando devagar, um momento daqueles que ficam gravados na memória, os lábios se aproximaram e ela acordou assustada com o despertador tocando.

quinta-feira, 8 de janeiro de 2015

Chuva




Chove, o mar está agitado

estou agitada, mais até que o mar,

meus cabelos se encrespam como as ondas,


                                molhados de chuva.

Meu coração se oprime de saudade

e como as nuvens, meus olhos fazem chover.

(17/05/2007)